Marcha Funebre

Brados famintos se esbatem pelo ar

Ruge a celeuma do alarme doloroso

Pelas frestas em êxtase do luar

Se esbate o morcego tenebroso

Do ciúmes que urina nas asas de namorar

Converte em fel atroz o duro gozo

Das masturbadas vascas do Paul

Se evola o metal do desespero vil.

Gesualdo a amada mata entre tormentos

Perde-se a missa mais azul de Palestrina?

Beco desgrenhado de aprendizes lamentos

Quando me dareis do paraíso a nobre estima?

Ermos velados de palácios lutulentos

Certos assassinos de amorosa rima

Fantasmas que o coito das desilusões ensinais

Baratro sórdido e purulento de meus ais.

Eis que a primavera,sepultada em vida,

Ruge ao vendaval perverso dos esquadrões

Da possante maquina rude e presumida

Do ódio vitima nos trágicos batalhões.

Volveras ainda ao porto ridente da lida

Humana,que blasfemam cupidos grosseirões,

Oh amada esperança dos dias adolescentes

Viço tão puro ,memento de gostos inocentes?

Eis que o tempo já degradou nossa historia

Já tão ledos não somos quanto fôramos outrora

Digo adeus as falazes expectativas de gloria

Mergulha na morte a acenar ,porvindoura no agora:

A mãe está velha,podes prantear sem vangloria,

Cai o cálice amado das mãos débeis da hora

Outro porto benigno deveras colher com custo

Nas interesseiras tramas do universo adusto.

Novo amor reflorira no coração golpeado?

Ou de novas putas beberas ao relento

O coração do gume atro do erro alanceado

Nova jornada nas estepes de duro pranto?

O salgueiro ao decerto acena lutulento

Fruto imortal do vitupério do pecado

Roxo cravo de martírio lento e sangrento

De que nos vale em vão ter levemente amado?

Das auras do amor ousado toma tento

Novo plectro chavecador se fará necessário

Espalha a voz de espumas orgasmicas ao veto

Para abrandar as chagas brotadas deste ossario!

Chora na graça a velhice lisongeira.tento

Oscular com mel dulcíssimo o sudário

Morre-te a mãe,renova-se na filha,

De Afrodite corre a amorosa ilha!