DESILUSÕES DE UM RETORNO
Revi a rua e a praça,
lembranças de ontem revi,
mas não sei... perdeu a graça
- sequer eu me comovi.
. . .
Minha tristeza é não ver
com os mesmos olhos de ontem.
Eu cresci, perdi o dom
de perceber o encanto,
que se escondia nos dias,
e qualquer lugar era meu.
Tentei, sim, não consegui:
nada enxerguei, nada vi.
. . .
A noite inteira eu vaguei pelas ruas,
pelas ruas antigas do meu sonho mais belo,
que nasceu branco e puro - brincadeira inocente,
e morreu de repente sem um rei, sem castelo.
Procurei os meus sonhos nos caminhos de antes,
que ao longe, distante, ansiava rever.
Tentativa perdida, o sonho é como a vida:
nasce, cresce, envelhece e vem a falecer.
(Quando de uma visita ao Rio há tempos atrás)