Indigente

O homem chama-me vagabundo.

A mulher me diz covarde.

O jovem a mim zomba, alcooliza.

A criança? Ela se inquieta, analisa.

Quando eu fui homem, fiz tudo certo.

Tive família, fui empregado e submisso.

Por um momento eu fui aceito.

O desastre? Este não houve! Um deslize, um trejeito.

Ao ter uma mulher, eu amei

conheci a plenitude da vida

virei palhaço, rocha, criança.

Quem errou? O amor não erra, mas o abandono de si, cansa.

Ao ser jovem, tive oportunidades

de conhecer o periférico, mas nunca a essência

fui rebelde, inocente e por algumas vezes fui culpado.

O erro maior? Ao sistema fui alocado.

A criança que habita em mim

faz de tudo uma brincadeira

divertido é dormir na rua, não ter nome ou referente.

Não ser homem, nem menino, ser Indigente.

sinaradm
Enviado por sinaradm em 26/05/2017
Reeditado em 29/05/2017
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