Indigente
O homem chama-me vagabundo.
A mulher me diz covarde.
O jovem a mim zomba, alcooliza.
A criança? Ela se inquieta, analisa.
Quando eu fui homem, fiz tudo certo.
Tive família, fui empregado e submisso.
Por um momento eu fui aceito.
O desastre? Este não houve! Um deslize, um trejeito.
Ao ter uma mulher, eu amei
conheci a plenitude da vida
virei palhaço, rocha, criança.
Quem errou? O amor não erra, mas o abandono de si, cansa.
Ao ser jovem, tive oportunidades
de conhecer o periférico, mas nunca a essência
fui rebelde, inocente e por algumas vezes fui culpado.
O erro maior? Ao sistema fui alocado.
A criança que habita em mim
faz de tudo uma brincadeira
divertido é dormir na rua, não ter nome ou referente.
Não ser homem, nem menino, ser Indigente.