Juízo Mundano
Ei céu, espera um pouco, vai com calma
Estou aqui, na primeira escada da vida
O que se materializou no mundano, humano
O profano e suma natureza, pois um não existe só
E assim, o gozo, a faca no pescoço do boi
a navalha, a falha e a brasa, a necessidade
na conformidade da exigência do corpo
E no mais, todo o resto
Nem o paraíso, ô paraíso
Me exige tanto juízo, abrigo e calma
De repente tudo explode
e no sim ou não e quem sabe um talvez, assim me entrego
Como uma folha que caí nas águas,
antes já havia o rio
e depois nunca deixou de ser,
Água que corre, lava e me socorre,
alimenta e mata qualquer sede
Vida que transcende
e folha que corre na estrada
Ei céu, não tira o véu exatamente agora
Me deixa só mais um pouquinho aqui,
Juízo? Quem sabe ninguém viu
Nem notei qualquer aviso
Vida, eu te aceito! Assim , nua
Vem! Se abre e me faz feliz
e não me diz que não,
pois depois, nada além do tempo
Vem vida e me alimenta de toda a sua fome
Eu aceito a tua ventania e seu carinho
Vida!
Eu aceito o teu ninar e o teu desafio
Me põe de joelhos diante dos teus mistérios
Me faz chover em seus quintais
Me surpreenda!
Me viva vida, que aqui só tem eu e você
Sorri como sempre no seu céu laranja
e me venta na janela da viagem
Me esquenta por encostar no seu rosto
Vida! Me consome como sempre no teu maravilhar
Um brilho, uma lágrima e um sorriso
Um e uns muitos milhões
E mais uma noite estrelada
Um horizonte e uma chama
Vida que queima e me abriga
Carne que chama,
castiga e me ensina a crescer
Ar que me sufoca,
na fome que desdobra,
a sede que importa,
O alimento que dá a vida, também me deixa viver
O amanhã volta
O tempo me conta
Sempre em movimento
Na vida e na morte, no eterno
Um pouco me aceito e um pouco me estranho
Me caibo, assumo, respiro
Sinto o mundo e me deixo perceber
O calor, a dor e o gozar
A brisa que sopra e me ensina amar
Vida essa que sangra no fogo
Grita socorro
Implora consolo
e mesmo assim me permite ser
Vida que corre nas veias da loucura
Incorpora natureza pura
Faz sorrir
Tanto bate e tanto cura
Vida essa que é viver
Te canso, te deito
te avanço, te beijo
Te levanto e te deixo
Uma vida, uma multidão
Nada além de uma vida
E a certeza de um universo inteiro no coração
Um passo, um engatinhar
Um aceitar e sorrir
Mais uma vida
E todo aprendizado, mais uma vitória
E a história a seguir
O amor, haaa o amor
Ainda quando o amor
Sempre que exista vida
Que seja a busca do sempre o amor que me faça viver