Tirem de mim este cálice
Neste cálice a transbordar
bebo o fel do veneno que não controlo
bebo a lama desta vida
em que me atolo
sem cura e sem remédio…
já nem sei sequer o que isto é,
se é tristeza ou se é tédio
este poço em que mergulho em desespero
e me afundo
na bruma do que quero e que não quero
no esvair duma tarde sem sentido.
Clamo ao Supremo cuja Existência
tantas vezes já duvido
por fazer sofrer por excelência este mundo
continuamente em guerras envolvido.
E que encontro nesta busca desesperada?
Muito pouco… mesmo pouco ou quase nada!
Mas persisto
em procurar a razão para viver
mesmo sem Cristo
nesta ânsia desmedida
nesta busca em que me vejo envolvido
entre o Ser e o Não-Ser.
in:
AS ARMAS DO SILÊNCIO, desnudado (poemas) e
MOMENTOS por dizer (antologia de poemas)
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