VIVER É MELHOR QUE MORRER
Desce, desce depressa guri!
Era a voz da mãe que clamava, temendo o rigor do perigo.
Desce, desce depressa! Ó meu guri! (...)
Era a voz de mãe que chamava, querendo afagar seu rebento.
Desce! (...) Desce antes que tu caias!
Antes que te vistam a mortalha.
E a vida te mostre, a tempo
O lento labor do ser.
Desce, ligeiro (...) pirralho!
Não vês que teu lado menino,
de veres a vida sorrindo, às vezes te atrapalha?
Desce menino! (...) Correndo! (...)
Não vês que tuas cãs, já grisalhas,
indicam o fim de uma batalha,
que o homem nunca ganhou? (...)
Desce e vem ver seu futuro (...),
do outro lado do muro,
que a vida pra ti reservou.
Quem me dera poder responder-te
Num grave não e partir.
Dar de ombros e ignorar-te,
sem teus apelos ouvir.
Quem me dera tivesse argumentos
– fundados – ou fundamentos
Pra replicar-te: ó “madre”
que o meu cordão não cortou.
Quem dera te fizesse entender,
que embora ordenado não queira
descer o degrau da videira,
que é a vida mais pura da flor.
Madura flor de meus dias,
acelerada a cor da poesia...
De onde, jamais se voltou.
No reverso cruel de meus versos, atendo-te.
Mas, sob protesto! "VIVER É MELHOR QUE MORRER!"