Numa tarde memória

As horas passam e tudo passa e vai passando

Buscas completas e dementes em cada minuto acontece

Em vão se pede, se chora, se aquece e não se percebe

O que dedicamos a nós mesmos senão grãos de palavras?

Há o dedilhar do acontecimento e da reprise vital

Afinal aqui estamos e porque não ficamos aqui?

Rompem-se os fios da navalha corrida na pele invisível

Cortes profundos e não visíveis a olho nu estão presentes

Dementados tantos são os que em nenhum corte percebe.

Loucuras vividas, amargas vivências que enlouquecem

Buscam e não encontram porque somente acontecem

Horas escravas esperam nesta torrente embalsamada

Chicotadas do tempo presente na carne navalhada

Escorrem-se sem perceber os cortes profundos, rochosos.

Chicotadas são vidas mortas que um dia vida viva teve

Teceu uma luz, abraçou um vulto na escuridão do vazio

Perdeu a esperança, escorregou na lembrança feito criança

Viveu, cresceu, lutou, chorou, sobreviveu e por fim, morreu.

Isabelle Luz
Enviado por Isabelle Luz em 17/10/2005
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