Própio porre

Intoxique-me

Quero sentir sujo o sangue

Intoxique-me

Retirar-me do negrume da alma

Intoxique-me

Colorir cores divagadas

Intoxique-me

Enxergar o que não é

Regar-me bem a garganta

De veneno

Transparecer-me como o líquido

Do veneno

Cambalear minha existência

Pelo veneno

Infectar as feridas quentes

Com veneno

Intoxique-me

Purificar-me à lucidez de vez

Intoxique-me

Abraçar-me a loucura, um poste

Intoxique-me

Perceber aquele rosto em cada face

Intoxique-me

Entregar a própria face a sorte

Destilar-me inocente e ignorante

No veneno

Euforir-me de piadas mal contadas

Pelo veneno

Escandalizar sozinho a calçada

Com o veneno

Purgar-me do onde e do tempo

De veneno

Intoquixe-me de veneno,

até que o eu já não exista

Intoquixe o veneno,

pois o próprio eu era meu tóxico.

Intoquixe-me cmo veneno,

enojarei o chão a minha frente!

Pois desse Tóxico quero ver o pó,

e o retorno.

Hygor Marques
Enviado por Hygor Marques em 05/07/2017
Código do texto: T6046024
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.