PARA NÃO OUVIR

'Devo me amar' diz a voz comum,

mas o transtorno da verdade

diz-me que o outro

dita que a luz não brilha nem paira.

Assombrada, ante a algema do outro,

não me quero olhando

o deserto que criam as palavras

brancas do eterno outro que,

sendo o resto do pouco,

Conforma o inferno, esse outro!

Desdobro a voz e crio a lavra.

Mundo, de regras finas, meninas.

Mundo em que me vejo livre de ser.

E, dando as costas,

Brinco de ciranda

Com as vozes impertinentes da alma,

E a calma se permite,

E nada atrapalha

Quando pouca me vejo sem limite.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 13/07/2017
Reeditado em 22/02/2021
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