ATEMPORAL
Rodopios inconvenientes de desânimo
Põem-me incapaz de colher palavras que me chegam
ao léu perto ou longe passam
como os ponteiros inquietos girando ante a minha inércia
nenhuma máscara me socorre a inquietação
palcos platéias luzes música dança
ainda inerte e acordado
espelho-me em quimeras derretendo-se
goela adentro em fingidos sabores naturais
nem sequer descubro que fruta caldalosa desce em mim...
Pasmem! Fiquei assim refletindo meus desvãos ante o relógio brilhante
mais velho mais outro outra persona
chegam as palavras-chaves
redescubrindo por onde me endereçam em versos
alcançarei bordar em palavras mais um texto poético
inesperado
nocauteando minhas dúvidas
fantástico o momento que encanta o caminho genioso
da criação e já nem preciso daquele jovem que a nostalgia
me fez parar na sorveteria desta esquina temporal
agora visível de letras
invisível de sentimentos
perquiri pelos palcos onde andei
para encontrar a máscara perfeita para esta saudade
para o próximo encontro
sem delírio
belo como um lírio
mesmo sabendo que minha face um dia vai se esvair
agora basta pairar num recomeço da mesma desconfiança
que tive um dia
que se vai o poeta...
salvando-se em poesia.
Buerarema, em 16 de julho de 2012.