Unsafe
Eu uso drogas!
eu uso drogas - para abastecer o silêncio
de minha sinapse altamente voltaica
(grunido-caporal que não retomo),
para abastecer o salário insensato
do primeiro estoque,
do primeiro cisma - quadriênio de cismas -
da vindima que não repousou sobre o lucro.
Eu uso drogas!
Homem-quaternário
à disposição da primeira mancha.
Minha corrida contínua pelo corpo transversal
reprimido de lama.
Eu uso drogas, eu uso drogas
e, embora não haja receio,
eu uso drogas
quando enxovalhado pela vida que falta.
Não há esmero, apenas loop contínuo,
dicção exagerada de pequenos restolhos
pelo homem que fui
ou que deveria - ter sido.
Eu uso drogas!
para o paladar insatisfeito de fome -
transfiro a digestão para o cérebro em marcha
e denoto - como quem tem crise
quando por soma de prestação deletéria
faz juros à caderneta de banco e apaga -
a conveniência de ser -
Corroem-se vigas, veias, junco, tronco
o homem inteiro se preciso: dois braços em cancro -
e não basta -
À meio-fio da navalha da morte, conduzo o espasmo
e faço festa ao corista que reproduz meu enterro -
nada há de servir, homem-gauche! - e não basta -