carvão e desastre
sob os pés, nada que
nos ampare, olhos que
vagam num mar de sal
e angustia, lembranças
cortam o ventre como
uma faca fria de cálamo,
dezenas de embarcações
nos visam, no entanto
não nos diz seus destinos,
nevoeiro e sirene, pássaros
que pousam e nos incutem
o desejo de voar, o nada
nadando em nossa consciência (quem sabe o contrário)
vento de todos os anos emolduram
o sofrimento, a quem dizer a palavra
certa: aquela que nos conforma, que
nos deitam no colo de uma mãe,
de um pai resoluto? carvão e desastre,
mas sem grito, a espera de uma verdade