NA PÁGINA DE ROSTO

Quando lês,

colores de afeto as linhas do meu gesto

e demoramos como se o instante fosse um rito

e a leitura desse conta da fome que nos afeta.

Assim permanecemos, por um instante como antes,

sonâmbulos que acordassem no susto de um pensamento vivo,

último acorde entoado para ser esquecido.

O mundo é mesmo esse deserto certo e extenso fora de nós,

um não saber extremo, sede constante do absoluto.

Mas, mais para dentro do impossível, na página de rosto,

a poesia nos abre um caminho e caminhamos sobre o desaterro

quando o rio derrama sobre nós algum alento.

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Baltazar

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 21/07/2017
Reeditado em 22/11/2018
Código do texto: T6061026
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