NA PÁGINA DE ROSTO
Quando lês,
colores de afeto as linhas do meu gesto
e demoramos como se o instante fosse um rito
e a leitura desse conta da fome que nos afeta.
Assim permanecemos, por um instante como antes,
sonâmbulos que acordassem no susto de um pensamento vivo,
último acorde entoado para ser esquecido.
O mundo é mesmo esse deserto certo e extenso fora de nós,
um não saber extremo, sede constante do absoluto.
Mas, mais para dentro do impossível, na página de rosto,
a poesia nos abre um caminho e caminhamos sobre o desaterro
quando o rio derrama sobre nós algum alento.
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Baltazar