As Cartas

Escrevo cartas sem endereços definidos.

Dentro das ruas, os cachorros, os homens

e as mulheres, aquelas, loucas de amar.

Não morrem os desejos.

As tintas e as cores perderam a pureza.

Os muros foram pichados pelas crianças

e seus pais.

O mesmo vento gelado

penetra os quartos

e as salas vazias.

O corpo pressente a fuga da alma;

pede taças de vodka, limão e gelo.

Não espero respostas.

Amores passados,

quase nada sabem

de poesia e canto.

Desembaraço as horas

das manhãs e das noites frias.

não sou ausente em nada.

Não esqueço nomes.

Guardo nas gavetas

o sussurro dos insetos.

As cartas são atalhos

da alma

espantam a morte

amanhã de manhã.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 02/08/2017
Reeditado em 04/08/2017
Código do texto: T6071802
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