ORGULHO E SUBMISSÃO
ORGULHO E SUBMISSÃO
Fui com muita sede ao pote
Que trazias com água turva
E que entornavas no chão aos teus pés,
Para que ajoelhado, lambesse os ladrilhos
Em que pisavas, insolente e soberana.
E, desse altar imaginário
Em que te colocavas,
Eu ali prostrado te via exuberante!
Profana, contemplavas meu olhar servil
A rodear-te como teu pequeno pug
Prateado e fulvo.
De mim, servia-te do amor
Com que me tributavas,
Impiedosa e cínica.
A mim, de ti sorvia
O que aplacava a sede:
A tua parca porção de atenção!
Fui com muita sede ao porte
Até parti-lo.
E, com ele, partiu-se o encanto
Que me fez cativo e preso,
Condenado aos teus caprichos
Que hoje já não contam.
Hoje, só te tenho na lembrança!
E sei que para ti
Me vês - ainda - por uma fresta,
Iluminada de cobiça e de esperança!
10.08.17