soneto 06
O universo que reservo em mim,
Mesmo em êxtase, morre à míngua.
Toda palavra, mesmo antes do fim,
tomba e morre à beira da língua.
O verso nasce e apodrece assim,
como uma fruta ainda não colhida.
Uma bela árvora cheia de cupins,
viagem acabada antes da partida.
O poema cresce doente e sonolento,
sem os préstimos de musa ou deusa.
Cai-lhe dentes da boca arredia.
A todo e qualquer brusco movimento,
perde um pouco mais da sua beleza.
No chão, vai largando a poesia.