Gramática
Segue sem rima
Meu poema descompromissado e sem métrica
Desleixado na forma e vazio de sentimentos
Sem emoção alguma
Palavras paridas por dupla de indicadores
Energia do fazer-não-sei-o-que
Materializando um texto que só quer existir
Versos sem aresta, quina pontuda e disforme
Linhas que caem por força da gravidade
Há muito espaço ainda e esperança
Terra fértil e agreste querendo verde-te
Mas só cactos, espinhos e ervas daninhas
Vira-se então tudo ao averso
Comecemos de trás para frente
Aptidão ao caos e falta de sentido
Desafio à uma escrita coerente
Esqueci ditongos e hiatos
Deturpo as crases e menosprezo hífens
Patino em concordâncias, sobretudo nos pontos
As vírgulas se mudaram para os tremas
Cedilhas não aparecem em meu teclado
Deposito palavras conspirando normas
Normas, formas e leis
Como é bom ser informal