Livro

Ao meu lado um livro

E tudo o quanto eu gostaria de viver

Defronte, meu espírito

Insinuando-se como eu deveria ser

- Enquanto mortal cuja mortalidade

Em face ferida, sua essência prolongasse -

Talvez se eu ao abrir o livro

Minha alma se expanda e se evapore

Todavia, se à humanidade apavore

Que poder tenho senão de outrora

- Retorno meu olhar para o livro

No qual a poeira embarga o grito -

No meu sopro ainda que muito tarde

Sementes de juventude no chão germinam

Gritar não é sinônimo de alarde

Nem o silêncio é coisa que se ensine

A memória da minha vida acaba

Porém o desejo ardente transcende

Embora que eu passe as estações calada

Muito mais sentiu meu coração

Do que falou minha mente.