Permanecem estáticos os quadros

Estáticos os quadros ali estão,

Desalinhados...

D’uma alma ressentem, e sentem

Na parede o branco adorno

Em discórdia de pacífica prontidão,

Intolerância ciumenta e solidária,

E um silêncio benevolente ...

E são, no adorno branco da parede,

Enfeites desalinhados

Estáticos, mas enfáticos nas cores,

Os quadros admirados,

Em sua altivez de existir

Para além das dores

Depuradas à sua própria luz.

Desalinhado segue o destino,

Transido arco-íris fendendo o próprio adorno

Com elegância ou desculpas,

Exibindo-se em desalinhado contorno

De amalgamadas incongruências

Num suceder de dádivas e culpas

Em fontes de sombras retintas e veladas

Daí flui teimoso o fio dos sentimentos

Que pertinaz segue do amor as pegadas

Rogando à sorte lhes perceber os adventos

Entre pétalas, fuligens ou rumores,

Em meio aos oceanos ou às estrelas,

No perfume de abrasadas cores

Ou em pegadas pisadas de aquarelas.

E no branco adorno da parede,

Enfeites desalinhados,

Permanecem estáticos os quadros.