MADALENA

Tuas entranhas assassinas,

leito de bêbados lascivos,

porto de esposos mal-amados,

tuas entranhas assassinas

são meu refúgio, meu amor.

Vem como um súcubo maldito

levar minh'alma para o lodo

e para a vil promiscuidade.

Vem como um súcubo maldito

cheia de beijos venenosos.

Assim como teu corpo lívido

esta minh'alma foi vendida

-até Satã virou burguês.

Assim como teu corpo lívido,

minha inocência violentada.

Dormir no tálamo profano,

ter como esposo a humanidade,

ser como um bebedouro público,

dormir no tálamo profano

envolta em vômitos e náusea.

Desde que os anjos faleceram

tu és mulher e em ti não vive

uma menina...isto é tão triste.

Desde que os anjos faleceram

cantamos a mesma canção.

Eternamente prisioneiros

destas paredes de bordel

e destes tédios abissais.

Eternamente prisioneiros

de uma vontade de viver.

Como uma flor que morre cedo,

antes que a luz do sol definhe,

é o amor dos teus amantes.

Como uma flor que morre cedo...

como um poeta genial.

O teu semblante outrora belo,

que o desamor, com violência,

bem soube como deformar,

o teu semblante outrora belo

é só um detalhe no teu corpo.

Famigerada Madalena,

todos os "santos" te apedrejam,

por não poderem possuir-te.

Famigerada Madalena,

porta aberta para o pecado.

Eu só te amo quando é noite,

Há vinte horas te esqueci,

por cinco dias estou sóbrio.

Eu só te amo quando é noite,

só quando posso me esconder.

Alexandre Magno
Enviado por Alexandre Magno em 19/08/2007
Reeditado em 25/08/2007
Código do texto: T614045
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