MADALENA
Tuas entranhas assassinas,
leito de bêbados lascivos,
porto de esposos mal-amados,
tuas entranhas assassinas
são meu refúgio, meu amor.
Vem como um súcubo maldito
levar minh'alma para o lodo
e para a vil promiscuidade.
Vem como um súcubo maldito
cheia de beijos venenosos.
Assim como teu corpo lívido
esta minh'alma foi vendida
-até Satã virou burguês.
Assim como teu corpo lívido,
minha inocência violentada.
Dormir no tálamo profano,
ter como esposo a humanidade,
ser como um bebedouro público,
dormir no tálamo profano
envolta em vômitos e náusea.
Desde que os anjos faleceram
tu és mulher e em ti não vive
uma menina...isto é tão triste.
Desde que os anjos faleceram
cantamos a mesma canção.
Eternamente prisioneiros
destas paredes de bordel
e destes tédios abissais.
Eternamente prisioneiros
de uma vontade de viver.
Como uma flor que morre cedo,
antes que a luz do sol definhe,
é o amor dos teus amantes.
Como uma flor que morre cedo...
como um poeta genial.
O teu semblante outrora belo,
que o desamor, com violência,
bem soube como deformar,
o teu semblante outrora belo
é só um detalhe no teu corpo.
Famigerada Madalena,
todos os "santos" te apedrejam,
por não poderem possuir-te.
Famigerada Madalena,
porta aberta para o pecado.
Eu só te amo quando é noite,
Há vinte horas te esqueci,
por cinco dias estou sóbrio.
Eu só te amo quando é noite,
só quando posso me esconder.