Urubus sobre a vida

Nóóó

Quêêê

É sério gente

Funcionário da morte

Bico do céu

Asas Caídas

As palavras tem sido usadas

para difamar

inflamam a fama

Olhos silenciosos

nos definem melhor

Os humanos tem geladeira

e por isso não comem carne estragada

mas a fome pode lhes transformar

em urubus sem asas

Os sapos inofensivos

engolem esperança

capturando um grilo

comendo a fome

Minha poesia reluzente

escurece o som da gente

escurece as palavras

para que os vaga lumes

conversem com as estrelas cadentes

Morrer é curar uma doença

sofrer é viver

Não sei pra quê

Que propósito

O fim e o meio disso

nem bem o início

Praticar palavras sem técnica

sem rumo

O universo me dará sentido

até ser esquecido

Nós urubus

temos um coração que voa

uma cabeça no ar

temos os círculos dos ventos

as folhas a dançar

Temos o privilégio de não precisar matar

E de achar tudo mais bonito

_ Vomitei de medo

de medo espantei

fiz da fome uma vitória

a morte é minha vida

_Sóóó

_ Cara,

você é nojento

igual eu

igual as flores grudentas

aos cantos do sol

e todas as coisas belas da vida

Poeta Pires Pena
Enviado por Poeta Pires Pena em 22/10/2017
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