Urubus sobre a vida
Nóóó
Quêêê
É sério gente
Funcionário da morte
Bico do céu
Asas Caídas
As palavras tem sido usadas
para difamar
inflamam a fama
Olhos silenciosos
nos definem melhor
Os humanos tem geladeira
e por isso não comem carne estragada
mas a fome pode lhes transformar
em urubus sem asas
Os sapos inofensivos
engolem esperança
capturando um grilo
comendo a fome
Minha poesia reluzente
escurece o som da gente
escurece as palavras
para que os vaga lumes
conversem com as estrelas cadentes
Morrer é curar uma doença
sofrer é viver
Não sei pra quê
Que propósito
O fim e o meio disso
nem bem o início
Praticar palavras sem técnica
sem rumo
O universo me dará sentido
até ser esquecido
Nós urubus
temos um coração que voa
uma cabeça no ar
temos os círculos dos ventos
as folhas a dançar
Temos o privilégio de não precisar matar
E de achar tudo mais bonito
_ Vomitei de medo
de medo espantei
fiz da fome uma vitória
a morte é minha vida
_Sóóó
_ Cara,
você é nojento
igual eu
igual as flores grudentas
aos cantos do sol
e todas as coisas belas da vida