Escritos da condução n° 2
Há uma susto mórbido que me engasga em nova vida
Uma luz densa que desenha minha pele fria
Eu enjôo agonia
De não poder nunca mais tentar
Eu construí erros que tornaram-se monstros
Eu derrubei muros de amor e de risos
Caminhei por veredas
De espinhos sedentos rasgando meus pés
Minhas mãos trêmulas, uma nuvem distante
Meus olhos perdidos num olhar estonteante
Teu cheiro distante
Exalando-me a vida que deixei pra trás
Ouve o grito surdo que tenta te alcançar
Sente o pranto fundo que quer te buscar
Lê nos meus olhos a mágoa de te magoar
Toca meu rosto com os dedos, me faz delirar
Treme junto a meu peito e tira-me o ar
Faz-me viver o amor que brota de teu olhar
Mostra-me como fazer pra amar devagar
Deixa-me enfim ser teu tudo, ser o teu lar
Das janelas dos trechos de minha rotina
Eu construo prédios caídos
Pontes quebradas
Ruas inócuas
E amores feridos