POÇO DA CRUZ - Rio da minha infância

Velho riachão de inúmeros segredos

A ti contados, por mim, em silencio.

Amigo de infância, cúmplice de enredos

Amado regato, sereno e fagueiro.

Quando em criança me vistes correr

Sob tuas árvores densas e frescas

Acolhendo-me em tua sombra: Que prazer!

Livre e a brincar nas relvas mais crespas

O tempo passou e os nossos caminhos

Com rotas diversas iremos seguir

O meu, incipiente, só sabe o destino.

O teu, já traçado, terás que cumprir.

Adeus meu regato – já fiz a bagagem

Vim dar-te um abraço – amanha partirei

Levando, marcada, na alma a imagem

De quem eu teu colo meu pranto lavei

Quem sabe, um dia, eu possa voltar.

Menino, não mais; agora, homem feito

Adentrar no teu intimo; a saudade matar,

Nadar em tuas águas, mergulhar em teu leito.

Paulo Tavares
Enviado por Paulo Tavares em 31/10/2017
Reeditado em 24/04/2019
Código do texto: T6158378
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