Autocomposição
São mãos estendidas; minhas, mas tuas
São pés descalços no asfalto das ruas
São pontes quebradas, ruidas ao mar
São terras pisadas de um antigo estradar
São peles rasgadas num toque sutil
São olhos que miram o que fora abril
São sons que ecoam de um mórbido sino
São anjos queimados no fogo divino
São rochas informes sedadas nas brisas
São mares que engolem e fazem divisas
Sou eu tão minúsculo
rubescente e equóreo
És tu, o meu crepúsculo
secreto, citéreo