É no poema

É no poema

dema

É no poema que rezo meu credo,

proclamo amor, incrimino maldade,

canto beleza, ternura, amizade,

enalteço paixão, grito teu medo.

É no poema, que eu brado meu ódio

ante qualquer tipo de covardia,

se só a bondade é digna de pódio,

o mal, sequer, existir, deveria.

É no poema que choro o destino

de quem jamais soube o que é ser feliz,

pois, declinado do plano divino,

seguira, na vida, o próprio nariz.

É no poema que a ti me declaro

uno minh’alma co’a que te tomei;

na profusão de prazer sem reparo,

visto meus versos com trajes de rei.

Ébrio, aspiro o perfume das flores,

invejo-te o néctar, qual colibri;

expilo fel sofredor dos amores,

se acaso me queres longe de ti.

Sorvo da dor que carregas no peito,

da solidão estendendo os teus dias,

da vil saudade a roubar-te o direito

de um coração vertedor de alegrias.

É no poema que mato a saudade,

como também nele te denuncio.

É no poema que castro a maldade,

salvo o amor de morrer por um fio.

É no poema que sonho acordado,

faço da noite uma só fantasia;

busco tecê-lo sempre arrematado

co’a joia mais fina, a poesia.

demaisilva
Enviado por demaisilva em 08/11/2017
Código do texto: T6166033
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