Como será

minha janela é uma televisão reproduzindo lembranças

lembranças e culpas

coladas em frases e palavras soltas

quantas palavras loucas

roucas palavras ditas pra nada

Em conversas vazias

lá fora as "onze horas" florescem

insistem em deixar claro

o novo de todos os dias

me pergunto : como é o novo?

será que virá em meu socorro? Ou

será mais uma desculpa sem causa

uma imagem grotesca de um gif

repetitivo e sem efeito

será que em sua via crucis

meu coração insiste em ponderar

o que de longe resiste

como uma nuvem inalcançável

promessa de chuva abundante

em anos de secas alegorias

minha razão é um espectador

Em busca de um inverno

de poesias

vide noite vide dia

nada mais te encanta nesse amor

nem a nuvem nem a chuva

só a poesia te resgata

só ela te alcança

e a ela não pertenço

sou o cantor de palavras vazias

e versos incultos

sou um insulto ao verão que se anuncia

minha janela é uma televisão reproduzindo

culpa

lá fora as "onze horas" lembram conversas vazias

o novo é uma desculpa sem causa

e a chuva?

nem a chuva que molha o Planalto

tem poesia

meus versos são um insulto

um indulto ao meu adeus.

Ana Luz

Ana Luz
Enviado por Ana Luz em 18/11/2017
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