Labirinto Ocasional
Não, não sei escrever sobre tristeza!
Mesmo que os sinos do campanário
dobrem langorosamente...
ou na masmorra meus sonhos agonizem,
mas o último pranto ficará como legado
de um Eu que lutou ardentemente
pela sincronia dos homens, a igualdade entre si,
sem amargurar os farelos de desdém atirados pelos impiedosos
na pura maledicência de humilhar os incautos e fracos de espírito.
Meu tempo não é d’agora... já percorri inúmeras milhas de chão
esbatendo em rochas sólidas de devaneios tolos,
mas a lamúria dos meus atos não se perpetuará por meio da escrita.
A minha escrita que não foi adestrada para a leitura meã de poucos,
no ar rarefeito da incongruência.
Sofro de overdose do milagre vida, e sobrevivo dela.
Comparo-me ao aldeão que espia o céu ausente de nuvens,
mas tem a esperança nas ferramentas de trabalho, do seu suor.
O tempo da colheita baterá à sua porta,
e o campo estará a seu dispor e o trigo reinará absoluto
e o camponês levantará os braços ao céu, em louvor.
E a mesa será farta e abundante, e família, os vizinhos lavradores,
todos hão de celebrar.
Não descreverei cenas tristes porque admiro a persistência dos inválidos.
A bravura dos desacreditados.
O alvorecer dos desafortunados.
A resistência dos miserandos.
A relutância dos náufragos.
A resiliência dos enfermos.
A neutralidade dos inconformados.