Angustia

Hoje

Sinto-me

Na inércia da vida.

Neste instante

Descompassado

De angustia e solidão.

Vejo meus sonhos

Despencarem no abismo

Sem fim deste momento.

Sinto fugir-me o alento

Percebo minhas esperanças

Destroçadas como se fossem

Nada. Como se alguma

Coisa sem valor

Ardesse na crepitante

Fogueira do desespero

Da qual nem as cinzas

Fazem sentidos.

Mergulho

No vazio lúgubre das trevas.

Minha alma desencontrada

Grita na imensidão

Do espaço teu nome.

Meu clamor a cada

Segundo mais acelerado

Ecoa pôr labirintos

Intermináveis, desencontrados.

Nesta agonia sem fim

Deste derradeiro instante

Sinto-me perdido.

Grito pôr você mais vezes

E a minha saudade entristecida

Responde-me

Não adianta gritares

Ela

Não te escuta!

Nilópolis, 23/10/96.