Luz e graça

Talvez devesse ser noite

O corpo dissesse

Se pudesse dizer

Eu ouço

E o sol iluminasse dentro

Onde se sabe sonho

E devesse ser sonho

Sinto que é

Quando olhar para fora

Não é mais do que olhar

Para dentro

E procurar

A própria poesia

Imprópria. Imprópria. Imprópria.

Impróprio é tempo

Própria é a vida

Despossuída

E brava

Minha mãe me alertou

Sobre os despedícios

E hoje

Como todos os outros

Sopro a vela

E talvez almoce

Olhando nos olhos

Do sol

Acender e apagar

Não são

Ao contrário

Movimentam o que é

Sol ou sou

Letras

Sou sal

Eis a graça

Causa deu ser assim

É o tempo não existir

E a vida ser

Só invento