Poeta e Gladiador

(Para Gerson Santiago)

Relembro às vezes

Teu olhar tão puro

E as marcas no rosto

De um mundo tão duro

Quando é que foi

Que tudo começou?

Relembro às vezes

Os degraus do Nada

Esse estranho mapa

De um porão escuro

Quem foi, Irmão,

Que te entregou?

Às vezes choro

Por não entender

Mas sei que isso

Não tem sentido

Quem parte assim

Não vai reviver

Às vezes grito

Clamo e peço dó

Mas o que é preciso

É lutar sem trégua

Para um mundo cada

Cada vez melhor

Relembro às vezes

Quixote sem Sancho

Medíocre mundo

Para um desejo ancho

Suas mãos de poeta

E gladiador

Hoje te entendo

Pois também eu juro

Tanta vez a vida

Me encostou no muro

Eu também pensei

É, eu também pensei

Mas por sorte ou sina

Desviei-me a tempo

E quis só brigar

Pelo contentamento

Meu, dos outros

Pelo mundo melhor

(Brasília, DF, 1985)

William Santiago
Enviado por William Santiago em 30/11/2017
Reeditado em 30/11/2017
Código do texto: T6186776
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