Canto do pássaro urbano II
Como podem os homens
Aprisionar teu canto?
A sinfonia dos pássaros na mata
Conduz o deleite de Gaia
Ao amanhecer.
Minha alma se levanta
E essa escuta aquiesce
Meu coração.
Certa manhã, ao nascer do Astro,
Fui a minha janela
Escutar os pássaros.
Ouvi os acordes dissonantes
Na orquestra dos pássaros tristes!
Como podem querer aprisionar
Teus cantos?
Como poderia meu coração
Não ouvir
A grade das gaiolas
E o concreto sufocando a Terra?
Presos nas grades
De necessidades irreais
Forjadas com as cidades desordenadas
Estão sepultados sonhos de liberdade!
Felicidades...
Substituídos por ruídos
De toda a espécie.
Criando a rede ilusória
Onde atolamos
As asas do coração.
Iludidos com cantos
Nos cantos
Concretos das cidades.
Vamos abrir as gaiolas
Porque não?
Soltar as asas do coração!