DAMA DA NOITE
Dama da noite, minha irmã!
De dia fechada em si mesma
Banhanda de sol na muralha
Se passam por ti ninguém nota
Que só folhagem destaca
Perfume escondido da brisa.
Dama da noite, minha irmã!
Disposta vencer cada dia
Valente se escora nos muros
Balança-se o vento, e mais nada
Te move, te assusta, te ofusca
O brilho que interno carregas.
Dama da noite, minha irmã!
Quisera encontrar-te no afresco
No entardecer virtuosa
Acetinadas de seda
A brancura da pele se visse
Dançando ao vento e à noite.
Dama da noite, quem dera!
Sentir seu perfume tão doce
Brilhar como brilhas prá lua
Cantar teus poemas de amores
Nas tênues voltas dos galhos
Que fechas e abres à mim.