APAREÇO E DESAPAREÇO

Apareço

a seguir a um espaço

onde não apareço

não flutuo nos segundos...

Entristeço

de uma forma não perturbante

tão belo momento de melancolia.

Intento

sigo dentro da fractura

onde a luz que entra

me pede perdão pela jornada

Atento

sigo sempre distante

dos grandes céus que vêem

madrugo até à brecha de Sol

que vai aquecendo o meu escuro

através dos sonhos.

Avisto

esse brilhar primordial que acaba por beijar a água

qual brilho que se expande

aparece e desaparece com a nebulosidade.

Morro

para as cobras que me sufocam

enquanto se mordem

deixando o seu rasto de veneno.

Salto

bem alto do rasto

até o tecto me deixar a dançar no vazio.

Sinto

muito mais que o amanhã

até o ontem me diz...

Mas as dores são minhas...

Quebro

a corrente que me quebra

e numa Lua qualquer

apareço a brilhar

para a minha melancolia

com um sorriso que vou soltando na contradição.

Nuno Godinho

7-1-2018