Ferradura

Onde olhastes aventura

Dai-me a dentadura

Que eu vou morder.

Se tua alma de criatura

Galopa, no desgaste da ferradura

Há um chão seco a morrer.

E tudo acaba com a compostura

A falta de postura

A cada novo resplandecer.

Mas vem sempre a morte

Num galope, nos roubando os dentes

E incapacitando-nos de morder.