Oficina Poética
Um canto gregoriano
ecoa no meu recôndito.
Torres de uma catedral
gótica
espicaçam o céu
a apontar o caminho
onde devo ancorar
meus sonhos.
Fascínio envolto
em nebulosa nave
helicoidal
que transmigra
meus segredos
e medos
reclusos.
Notívago pensar
perdura,
insone,
resquício da noite
anterior.
Um sudário
me seca o suor
das espáduas
inquietas e doridas,
ante minha compostura
no enfrentamento
das horas arrastadas:
mortífero elixir,
sobrevida dos poetas
que catam letrinhas
para alimentar
exortações d´alma.
Me refugio
dentro de mim,
calabouço silente
onde o musgo
persevera
em adentrar
e ser acolhido
- qual nódoa retinta,-
na lã cardada
da túnica
que reveste
meu insepulto
e vaporoso
poema
que teima
em vir à luz.