Oficina Poética

Um canto gregoriano

ecoa no meu recôndito.

Torres de uma catedral

gótica

espicaçam o céu

a apontar o caminho

onde devo ancorar

meus sonhos.

Fascínio envolto

em nebulosa nave

helicoidal

que transmigra

meus segredos

e medos

reclusos.

Notívago pensar

perdura,

insone,

resquício da noite

anterior.

Um sudário

me seca o suor

das espáduas

inquietas e doridas,

ante minha compostura

no enfrentamento

das horas arrastadas:

mortífero elixir,

sobrevida dos poetas

que catam letrinhas

para alimentar

exortações d´alma.

Me refugio

dentro de mim,

calabouço silente

onde o musgo

persevera

em adentrar

e ser acolhido

- qual nódoa retinta,-

na lã cardada

da túnica

que reveste

meu insepulto

e vaporoso

poema

que teima

em vir à luz.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 15/01/2018
Código do texto: T6226722
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.