SEM CONTROLE

Tantas armadilhas engatilhadas

Todas armadas para me pegar

Mas mesmo assim não serei o mártir

Vontade de parar de beber ilusões e questionar

Pois não quero me embriagar com mentiras

Mas sim, saciar minha sede de verdade

Tantas palavras ofensivas sendo ditas

Sem a boca nada em defesa pronunciar;

Tantas decisões importantes, tomadas no singular

Com as consequências no plural sendo sofridas

Sentenças proferidas, sem direito a defesa

Sendo um réu desconhecedor de meus graves delitos

Vereditos dados, sem atenuantes sentimentos

Condenação que fere mesmo quem se julga imune

Estado de sofrimento na alma ferida

Sem medicamentos para cicatrizar trauma sofrido

Dor de esperar por iminente fim

Ou lutar para sobreviver a toda amargura

Consciente de cada pedra por mim atiçada

Cujos danos provocaram em telhados de vidro vizinhos

Causaram as pedras atiçadas de volta em meu frágil teto

Cujas avarias na vidraça agora me expõem ao mau tempo

Difícil não admitir, em meio ao meu padecimento:

Que a alma que me consolava, trouxe a arma que me feriu;

Que o ser a quem procurava, trouxe o sofrimento do qual fugia;

Que a pessoa que me fortalecia, trouxe o sentimento ao qual temia

Eterna busca do equilíbrio entre levantar ou cair:

Como me erguer, se a mão que me salvava do abismo

Foi a mesma mão que me empurrou no precipício;

Como me conter, se a voz que me dava o equilíbrio

Foi a mesma voz que me deixou sem controle

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 27/01/2018
Reeditado em 28/01/2018
Código do texto: T6237759
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