De lado

Sinto-me em profundo estado de solidão

E, pela primeira vez, não me vejo confortável

Acho que mudei sem imitar quem eu era

O silêncio toma formas acústicas

Nas asas que batem imóveis e irritadiças

Abaixo do tempo que estagnou o mundo das pessoas

E tudo desapareceu em segredo

Nem uma mão falando em meu ouvido

Nem uma língua coroando os meus desejos

A companhia tornou-se uma vasta penúria de nada

E eu que pensava ser difícil sofrer calado

Descubro que o pior se dá quando o peito se agacha de dor

Precisando externar um soluço em forma de desabafo

Mas permanece corroído pelo desamparo da impossibilidade

Da frustração, da angústia e da calamidade do abandono