Mulher-criança

Não sou de hoje,

mas de todos os tempos...

Antes, nunca precisei de reconhecimento

para ser feliz

ou de indiferença e abandono

para me sentir miserável..

E, hoje, não é um salário que me fará livre...

Não é um traje que vai me transformar

em rainha...ou em escrava.

São esses pensamentos, e sentimentos

as únicas bússolas de meu existir..

E na terra indevassável que eu habito,

no corpo que a mim foi concedido pela Mãe Natureza,

há sempre um jardim florido...perfumado

mesmo quando a vida obriga a recolher detritos

para sobreviver...

Sou mulher, não por condição..mas por um misterioso

desígnio...

Além das imagens,das escolhas, das máscaras,

a feminilidade busca em mim sua expressão.

Depois que o véu das aparências se afasta

mostrando minha verdadeira face...

deposito as armas em um canto qualquer

e, completamente absorvida por um instinto

maternal

cuido da criança que me foi emprestada pela vida...

e não vejo outra maneira de adormece-la

a não ser com essa canção que o tempo me ensinou...

E,quando, ao amanhecer, tiver que retomar às armas,

que seja para lutar por ela...

por essa criança adormecida,

que ainda não acordou pra vida...

Mulher-criança, dentro de mim...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 08/03/2018
Reeditado em 08/03/2018
Código do texto: T6273980
Classificação de conteúdo: seguro