LOUCURA INÚTIL

Não sou eu,

ou melhor, não é este corpo magro

e marcado pelas espinhas do tempo,

que busca nas noites vazias,

o prazer solitário dos prostíbulos.

Realmente, não sou eu

que vibro nas alcovas prostituidas,

e depois da espermação

sair frustrado e fruido,

a bebericar os papos de botequim.

Não sou eu,

é mais o poeta desfeito,

que ainda tenta encontrar

a razão da poesia.

Indubitávelmente,

sou eu que me atiro

às abluções pós-instinto

e encontro o poeta

qurendo ressurgir,

e num átimo de desespero,

gritar que a poesia

ainda é necessária,

e que ser poeta

não é ser maldito,

mas, antes de tudo,

ver a poesia onde só se encontra desgraça.

Realmente não sou eu.

É tão sómente

minha loucura

inútil.