salto
Saltar de verso em verso,
sem acordar os demônios contidos em cada palavra.
Você consegue?
Espera um pouco,
não salta agora!
Espera que eu esteja ao teu lado,
vibrando na mesma angústia,
sentindo o mesmo vento na face
e então saltaremos juntos
sem medo!
Tomemos uma gelada antes.
No teu bar preferido.
É bem melhor o salto bêbado,
sem premeditações, é claro!
Deixa que o acaso costure a metáfora ideal.
Não raro, é o incerto
o que realiza o deslinde em direção
ao poema.
Se quisermos,
podemos abolir a sinceridade,
falsear destinos,
mentir descaradamente.
E até,
dizer a verdade.
O que importa é o salto!
O corpo que se projeta ante o inevitável
vôo,
não conhece regras.
A idéia é veloz
e deixa sempre uma marca.
Na pele,
na memória de nossas sombras,
onde nos perdemos.
Em volta daquilo que acreditamos,
também em nossas inseguranças.
Que esperas?
Essa é a condição para o vôo:
A total entrega,
a incerteza do retorno,
a carne arranhada,
a cabeça em voltas,
a ressaca homérica,
o eterno recomeço,
a nova viagem.