Muito prazer!

me envolvo, me reparto e dou crias

me permito qualquer ócio e o nada

e vivo sorrindo de azul e fantasias

cometo alguns erros elementares

raciocino pelo instinto que vaga

e cismo com os números pares

tenho pressentimentos de andanças

medos escuros no claro do dia

e uma sanha sem circunstâncias

trago pólvora armazenada na mente

jogo cartas como quem lê filosofia

gosto de espadas e do que pressente

às vezes, tropeço e mal me resolvo

enfrento, sem ver, as ventanias

e chuto pedras pelo caminho torto

faço passeata como quem vai ao parque

fragmento idéias escorregadias

e vivo gargalhando e fazendo alarde

sou rebelde a algumas sintonias

sou gato da noite fazendo arruaça

e quase nunca acompanho a maioria

me invento a cada hora e me misturo

engano o relógio e faço graça

não desisto, não cedo e pulo o muro

e como fórmula incompleta da alquimia

gosto das paixões loucas e de anarquia

[Já se apresentou e rodou em outra Ópera: a minha]

http://versosprofanos.blogspot.com/