Fartar-me-ei de faltas!

Lavei a minha dor de amor

com suor e poesia.

O que restou na pia

daria um rosário de agonia;

atirado na rua tornaria epidemia!

Agora, limpo, deixei igual

a distância entre chorar e sorrir;

penso, que depende do jeito que

amanhecer o sol definirá se sofrerei

ou triunfarei. Agora em mim habita solidão!

Coisa triste um ser livre dos amores.

Se faxina o ente abre ala para a solidão.

O quarto se abasta de penumbra e desleixo:

não se perfuma mais o corpo, não se faz atraente...

E vaza dos céus um branco de lua vazio de calor e vida.

Queria que essa noite nem houvesse;

que num piscar fosse um amanhã diferente.

Quem sabe outro eu, outro jeito de pensar a vida:

ora entender o canto dos pássaros, ora delirar a cautela...

E nem querer ser mais quem sou ou fui. Fartar-me-ei de faltas!