cálida noite

Cálida noite, silêncio disparado.

A rua estremece de tanto rumor, vozes

Azucrinadas de todos os lados.

O olhar de quem a todo momento

Está prestes a encontrar a morte

Revela-se num delírio místico

E cego para os próprios passos.

É de aço a lã que cobre a minha pele

De ferro e pedra

Meu caminho vacilante

Sobre o meu desamparo, apenas a noite sabe

- E a noite não quer nem saber.

Não fito sequer um ponto

e olho ao mesmo tempo para todos

e todos me olham em contraponto

as ruas, as pessoas, a isca e o isqueiro.

Procuro uma brecha no tempo

Para fixar a minha loucura

No meio tempo em que procuro

a fissura

Sou devorado pelas minhas entranhas,

Pela parte de mim que me apavora.

Meus poros tremem por alguns segundos,

A luz foi de vaga-lume no canto da calçada

Meu vaga-lume cinza-lata

Ezus
Enviado por Ezus em 30/04/2018
Código do texto: T6323653
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