cálida noite
Cálida noite, silêncio disparado.
A rua estremece de tanto rumor, vozes
Azucrinadas de todos os lados.
O olhar de quem a todo momento
Está prestes a encontrar a morte
Revela-se num delírio místico
E cego para os próprios passos.
É de aço a lã que cobre a minha pele
De ferro e pedra
Meu caminho vacilante
Sobre o meu desamparo, apenas a noite sabe
- E a noite não quer nem saber.
Não fito sequer um ponto
e olho ao mesmo tempo para todos
e todos me olham em contraponto
as ruas, as pessoas, a isca e o isqueiro.
Procuro uma brecha no tempo
Para fixar a minha loucura
No meio tempo em que procuro
a fissura
Sou devorado pelas minhas entranhas,
Pela parte de mim que me apavora.
Meus poros tremem por alguns segundos,
A luz foi de vaga-lume no canto da calçada
Meu vaga-lume cinza-lata