O monumento
O monumento
Sempre lá
Nunca nem saiu do lugar
Por mais incrível
Que parecesse
Se pudesse sair.
Eu sempre cá
E sempre saí do lugar
Sempre voltei para casa
Quando o sino badalava
Num tom só grave.
Eu
Que descobri como e
O que dizem os sinos
Quando tocam.
O monumento continua
No lugar
Uma moça sempre a
Apontar para o céu
E eu cá
Apontando para os pés
Da moça.
Eu sempre cá
Sussurrando
Me espalhando
Me perdendo
No movimento
No momento da moça
Que virou gelo.
O seu gesto
Há tanto tempo esperando
Para findar-se.
A moça lá a esperar
Que eu vá ao seu
Encontro
Ou o contrário.
Ouvi uns sons graves...
Ouvi uns sons graves
Mas permaneci
A moça é muito disputada
Pelos que a observam
Pelos que estão muito abaixo
Dos seus pés.
O movimento da moça
Solidificou-se no vento
No tempo
Que ela viu passar
Diante dos olhos
Debaixo dos pés
Tanta gente passou por debaixo
Dos seus pés
Tanto tempo...
Mas o movimento é o mesmo
Sempre
Que chega a ser um
Não-movimento.
A moça tornou-se
Então um
Monumento.