O monumento

O monumento

Sempre lá

Nunca nem saiu do lugar

Por mais incrível

Que parecesse

Se pudesse sair.

Eu sempre cá

E sempre saí do lugar

Sempre voltei para casa

Quando o sino badalava

Num tom só grave.

Eu

Que descobri como e

O que dizem os sinos

Quando tocam.

O monumento continua

No lugar

Uma moça sempre a

Apontar para o céu

E eu cá

Apontando para os pés

Da moça.

Eu sempre cá

Sussurrando

Me espalhando

Me perdendo

No movimento

No momento da moça

Que virou gelo.

O seu gesto

Há tanto tempo esperando

Para findar-se.

A moça lá a esperar

Que eu vá ao seu

Encontro

Ou o contrário.

Ouvi uns sons graves...

Ouvi uns sons graves

Mas permaneci

A moça é muito disputada

Pelos que a observam

Pelos que estão muito abaixo

Dos seus pés.

O movimento da moça

Solidificou-se no vento

No tempo

Que ela viu passar

Diante dos olhos

Debaixo dos pés

Tanta gente passou por debaixo

Dos seus pés

Tanto tempo...

Mas o movimento é o mesmo

Sempre

Que chega a ser um

Não-movimento.

A moça tornou-se

Então um

Monumento.

Rosiel Mendonça
Enviado por Rosiel Mendonça em 01/09/2007
Código do texto: T634296
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