Os sinais
Cadê
cadê
cadê
cadê
você?
Porque a correspondência ainda não veio
E ainda não tive alegria
Em desdobrar-me nas tuas linhas
Em tua letra
Em teus sinais.
Quero mergulhar em ti
Numa enchente de ti
Num mar essencialmente feito de ti.
E unir-me a tua luz
Que se irradia do teu corpo
Teu corpo que me chega tão belo.
Os teus sinais hão de me chegar
Quando eu menos esperar
Talvez num raiar de dia
E há de vir junto
De brinde
A tua melodia
Que arrumaste muito bem
Nos cantos de página
Plenas da poesia
Mais noturna que conseguiste ensaiar.
Pássaro selvagem
Inviolável
Sem garras
Livre
Alegre.
Pássaro selvagem
Preciso afogar-me em tuas penas
Sentir-me só no teu calor
Que sai do teu corpo
E entra no meu.
Pássaro querido
Hei de acentuar-te
Ao meio-dia
Numa beleza que nunca acaba
Num som que nunca finda
Numa alegria que nunca voa
Para longe
Mas sempre está por perto.
Pássaro querido
Selvagem neblina
Algum dia, hei de acentuar-te
Pôr os pingos nos teus i’s
Acentuar-te, enfim
Para mim.