Goyania

Em terra de coronel

Adolescente

Que morre queimado

É suicida

Chacina de morador

De rua

E espancamento

De garotas de programa

É chuva

Necessária de

Tempos em tempos

Para limpeza das terras

Goiânia

Cujo símbolo

Na principal avenida

Não é um Ipê florido

Nem um pé de pequi

Sequer um índio

Guerreiro

Morador primeiro

Destas terras

Nem é busto

De presidente

É um bandeirante

Seu principal

Assassino

Matador

Com um facão

Na cintura

Em uma pose de

Senhor da

Cidade

Cidade limpa

Com cheiro

De combustível

De ônibus

Queimado

Com cheiro

De morte

Morte das arvores

Centenárias

Destruídas

Para virarem

Avenidas

Tristes avenidas

Cidade arborizada

Sem arvore

Sem sombra

Sem passarinho

Que canta na janela

Só urubus

Para esses

A cidade é um

Banquete

Um cadáver em cada

Esquina

Cadáver

De gente

Cadáver

Da gente