Quase ninguém...

lá do alto da montanha

tudo parece tão pequeno...

e é tão fácil amar

aqueles diminutos seres

que na paisagem se perdem...

incógnitos de si mesmos...

desapercebidos de mim.

assim mesmo não entendo

porque é tão fácil amar,

com uma certa nostalgia,

o que está longe de mim..

talvez porque, quando se aproximam,

ampliam-se as necessidades

e nem tão belos são os rostos

nem tão claras as verdades.

lá do alto a perspectiva

é quase a de um quadro pintado

cores difusas, rostos borrados...

e sou temporariamente

espectadora de todos os destinos

como se ouvisse as vozes,

rumores, lamentações...

ou até mesmo risos, ocasionais.

lá de cima empresto vozes

a quem eu quiser

e, se grito, não me ouvem.

como num sonho..ou delírio.

em meio à paisagem imutável...

lá de cima, ou lá embaixo,

quase não há diferença.

muito se pensa, muito se fala,

pouco se escuta...e, quase ninguém

olha para o alto.

Mareluz
Enviado por Mareluz em 14/07/2018
Reeditado em 14/07/2018
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