Quase ninguém...
lá do alto da montanha
tudo parece tão pequeno...
e é tão fácil amar
aqueles diminutos seres
que na paisagem se perdem...
incógnitos de si mesmos...
desapercebidos de mim.
assim mesmo não entendo
porque é tão fácil amar,
com uma certa nostalgia,
o que está longe de mim..
talvez porque, quando se aproximam,
ampliam-se as necessidades
e nem tão belos são os rostos
nem tão claras as verdades.
lá do alto a perspectiva
é quase a de um quadro pintado
cores difusas, rostos borrados...
e sou temporariamente
espectadora de todos os destinos
como se ouvisse as vozes,
rumores, lamentações...
ou até mesmo risos, ocasionais.
lá de cima empresto vozes
a quem eu quiser
e, se grito, não me ouvem.
como num sonho..ou delírio.
em meio à paisagem imutável...
lá de cima, ou lá embaixo,
quase não há diferença.
muito se pensa, muito se fala,
pouco se escuta...e, quase ninguém
olha para o alto.