Carta à depressão.
Querer,
como o fazer?
A chama
fez as malas;
o sentir
não dorme.
O fazer
acontece?
Às vezes dentro,
nunca fora.
Pesos gritam,
suavemente desisto;
neles acredito.
Cordas apertam os nós;
o ranger de grades
é ensurdecedor.
Correntes,
cadeados,
chaves perdidas;
envolvem sedutoramente
o menor sinal de vida.
Madrugada;
escuridão;
longa estrada.
O tom da própria voz,
estranho.
Você não entende nada,
vira o rosto,
coloca as mãos nos bolsos.
Em cada segundo, uma jornada.
Enquanto o sol queima seu rosto,
uma tempestade,
acontece ao lado.