rotação
a terra macia em sua carne
vermelha, inesgotável,
extensa em bosques de copas
de árvores intermináveis
a terra suculenta alimentando-se
de bagos selvagens, ácida
em seu ventre ávido de estrelas,
sulcada pela beleza
a terra silenciosa que guarda
o ninho secreto, a semente
incerta ao vento que a revolve
trançando seus caminhos
a terra em seu destino
feroz é adocicada deusa
amendoada, castanha nua
é consagrada, sempre
um mistério a ser vivido
em suas passagens sinuosas,
em sua substância etérea,
em sua densa e impenetrável
esfera de círculos concêntricos
repleta de fadas e duendes
a terra ousada se excedendo
arranca a superfície das cascas,
senhora do que há dentro,
a terra cáustica, abrasiva
consome toda vida,
a terra suave mãe que gera,
gira, gira eterna.