rotação

a terra macia em sua carne

vermelha, inesgotável,

extensa em bosques de copas

de árvores intermináveis

a terra suculenta alimentando-se

de bagos selvagens, ácida

em seu ventre ávido de estrelas,

sulcada pela beleza

a terra silenciosa que guarda

o ninho secreto, a semente

incerta ao vento que a revolve

trançando seus caminhos

a terra em seu destino

feroz é adocicada deusa

amendoada, castanha nua

é consagrada, sempre

um mistério a ser vivido

em suas passagens sinuosas,

em sua substância etérea,

em sua densa e impenetrável

esfera de círculos concêntricos

repleta de fadas e duendes

a terra ousada se excedendo

arranca a superfície das cascas,

senhora do que há dentro,

a terra cáustica, abrasiva

consome toda vida,

a terra suave mãe que gera,

gira, gira eterna.

cassia fistula
Enviado por cassia fistula em 07/09/2007
Reeditado em 07/09/2007
Código do texto: T642722