Metade vazio
Um discreto riso enfadonho
em meio a tudo isso
é a mais linda demonstração de vida
que se pode esperar
de mim.
São tantas vozes sem rosto
dizendo que é o fim,
traduzindo aquele tão ilustre sonho niilista.
Mas são outras, ainda mais altas
e em maior número,
que me prendem a atenção.
Estas traduzem um outro sonho;
uma fantasia não tão impessoal
e cheia de vida e esperança.
Mas são só vozes, só sonhos...
Quando eu abro os olhos
e vejo rostos, a tal realidade se mostra
tal qual meu riso;
um tanto quanto mais amarela.
Não sei.
E são estas as palavras que mais me pego dizendo:
não sei.
E para ser sincero,
como posso só para com o papel,
não quero mesmo saber.
Quem sabe é pior conhecer,
mexer com quem ‘tá quieto.
Não sei...
Sinto que quero parar,
mas não posso.
Minhas pernas não me obedecem mais,
a cabeça está cansada demais p’ra pensar.
Mas nada que um copo gelado
e um pouco de tinta vermelha na ponta do nariz
não resolvam.
E lá vou eu p’ra mais um dia
igual.