Metade vazio

Um discreto riso enfadonho

em meio a tudo isso

é a mais linda demonstração de vida

que se pode esperar

de mim.

São tantas vozes sem rosto

dizendo que é o fim,

traduzindo aquele tão ilustre sonho niilista.

Mas são outras, ainda mais altas

e em maior número,

que me prendem a atenção.

Estas traduzem um outro sonho;

uma fantasia não tão impessoal

e cheia de vida e esperança.

Mas são só vozes, só sonhos...

Quando eu abro os olhos

e vejo rostos, a tal realidade se mostra

tal qual meu riso;

um tanto quanto mais amarela.

Não sei.

E são estas as palavras que mais me pego dizendo:

não sei.

E para ser sincero,

como posso só para com o papel,

não quero mesmo saber.

Quem sabe é pior conhecer,

mexer com quem ‘tá quieto.

Não sei...

Sinto que quero parar,

mas não posso.

Minhas pernas não me obedecem mais,

a cabeça está cansada demais p’ra pensar.

Mas nada que um copo gelado

e um pouco de tinta vermelha na ponta do nariz

não resolvam.

E lá vou eu p’ra mais um dia

igual.

melão
Enviado por melão em 09/09/2007
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